segunda-feira, dezembro 23, 2024
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Caso José Lael: até onde vai a maldade humana?

Crime brutal traz à tona reflexão sobre a existência de esperança na humanidade e o papel do Estado em conter nossas inclinações mais sombrias.

Por Anderson Rosa

O brutal assassinato do advogado José Lael, em que sua esposa é suspeita de envolvimento, traz à tona reflexões profundas sobre a natureza humana e o papel do Estado na contenção de nossas inclinações mais sombrias. A filosofia de Thomas Hobbes, que argumenta que o homem nasce mau e precisa de um estado autoritário para viver em segurança, encontra eco nesse episódio. Segundo Hobbes, sem a intervenção de uma autoridade que imponha regras e controle, a vida humana tenderia a um estado de guerra constante, onde a “vida é solitária, pobre, sórdida, animalesca e breve”. Em situações como essa, a visão hobbesiana nos leva a pensar que talvez apenas a força coercitiva do Estado possa impedir que os impulsos destrutivos humanos se manifestem.

Contudo, Hobbes não foi o único a refletir sobre as motivações humanas. Arthur Schopenhauer propôs uma análise ainda mais sombria ao sugerir que o ser humano age com base em três elementos: egoísmo, maldade e compaixão. No caso de José Lael, vemos, aparentemente, o egoísmo e a maldade manifestados de forma trágica. O egoísmo, que para Schopenhauer é a busca insaciável pelo próprio bem-estar, poderia ter levado a esposa de José a orquestrar seu assassinato por interesses pessoais, sem considerar as consequências. A maldade, segundo o filósofo, representa o desejo de ver o outro sofrer, e talvez explique a crueldade impassível demonstrada no ato.

Schopenhauer acreditava que, embora o ser humano pudesse agir de maneira compassiva, essa virtude era rara, como uma exceção em um mundo movido por interesses pessoais e rivalidades. Neste episódio, a compaixão parece ausente, dando lugar a uma frieza que abala a fé na humanidade. Casos assim revelam o quão frágil é o tecido social, e como nossa segurança e confiança dependem das leis e da ação firme do Estado.

Este crime brutal nos coloca frente a frente com a velha questão: existe, de fato, esperança para o ser humano? Talvez, como argumentavam Hobbes e Schopenhauer, nossa natureza exija uma vigilância constante e uma organização social rígida, capaz de domar nossos impulsos mais sombrios. Se é possível resgatar algo de bom na humanidade, isso depende de nossa capacidade de refletir e aprender com tragédias como esta.

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