A prefeita de Aracaju, Emília Corrêa (PL), escancarou a divisão em sua base na Câmara Municipal ao decidir vetar integralmente o projeto de lei que criava a Loteria Municipal (Lotaju). A decisão, anunciada nesta segunda-feira, 21, desautorizou publicamente o líder do governo na Casa, vereador Isac Silveira (UB).
Mesmo após garantir que Emília sancionaria a proposta, de sua própria autoria, Isac viu a prefeita mudar de rumo e ceder à pressão do colega Lúcio Flávio (PL), vice-líder do governo e principal opositor da iniciativa.
O gesto não passou despercebido nos bastidores da política aracajuana e evidencia uma crise de coordenação e de liderança entre os aliados mais próximos da prefeita.
Enquanto Isac defendia publicamente o projeto e contava com o respaldo do Executivo, Lúcio fazia o caminho inverso: usava as redes sociais e os debates na Câmara para minar a proposta, sob o argumento de que a Lotaju poderia trazer riscos sociais à população mais vulnerável. Com o veto, saiu vitorioso na queda de braço e já celebra o recuo da gestão.
O episódio tem sido lido por vereadores como mais uma demonstração da fragilidade do governo Emília na articulação política. Para muitos, ficou evidente que a prefeita não consegue manter coesão nem entre seus principais aliados, e que age sem uma estratégia definida, cedendo à pressão de um lado ou de outro.
A Lotaju havia sido aprovada com 14 votos favoráveis e 7 contrários.
Segundo a justificativa formal do veto, o projeto apresenta vícios de inconstitucionalidade, como a falta de competência do município para explorar serviços lotéricos, a violação ao pacto federativo e à livre concorrência, além de interferir na estrutura administrativa, o que seria de competência exclusiva da prefeita.